segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Graça - O Amor de Deus em Ação


Lidar com quebra de paradigmas não é fácil porque exige que nós saiamos da nossa zona de conforto com relação às nossas filosofias de vida, ideais, costumes, tradições e até mesmo conceitos doutrinais. Um deles é o conceito de graça com o qual estamos acostumados a ouvir constantemente. É comum vermos os nossos pastores, dentre outros oradores, que a Graça é um dom imerecido. Assim tem sido pregado e nós, sem qualquer questionamento ou análise bíblica, aceitamos de bom grado e assim repetimos em nossos comentários quando é oportuno. Não está errado dizer que a graça é assim; porém, o conceito não está completo. A graça é tão eterna quanto é eterno o próprio Deus; pois, está intimamente relacionada com a natureza divina. Ora, se o pecado é o que nos faz imerecedores da graça, então qual era o conceito dado a ela antes que existisse o pecado?
Em todas as escrituras sagradas e em todos os livros de Ellen White, entendemos que a graça é o amor de Deus em ação. A dinâmica criadora do nosso Senhor revela o Seu amor pelas suas criaturas bem como o Seu próprio sistema de governo. Por esse motivo é que a graça é um dom que não merecemos. Porque somos dignos de morte; mas, o amor de Deus em ação revela a Sua infinita misericórdia em conceder ao homem um tempo de graça para converter-se dos seus maus caminhos, e poder viver eternamente no reino da Glória.
João em suas epístolas disse que Deus é amor, a Lei de Deus é uma expressão de Seu caráter; logo, a Lei também é amor. Quando Lúcifer levantou sérias acusações contra o caráter divino, ele introduziu dúvidas com relação à Graça, que é o amor de Deus em ação, manifesto na Sua própria pessoa e no Seu sistema de governo.
De acordo com o livro PP página 34, o principal motivo pelo qual Deus estabeleceu o Plano da Redenção, foi para revelar o caráter DEle. Em outro livro, O Desejado de Todas as nações, está escrito que "através do plano da redenção, o governo de Deus fica justificado". A palavra justificação aplicada ao pecador significa que, ao buscar a Deus com arrependimento genuíno, ele é perdoado e absolvido da condenação da morte pelos méritos do sacrifício de Cristo. Mas neste caso, a palavra justificação ganha um sentido mais amplo. O governo de Deus não precisa de perdão porque é perfeito, mas antes que fosse provada a sua inocência toda a sociedade universal contempla o desenrolar deste processo chamado O Grande Conflito; então, ao apresentar Cristo, o Seu sacrifício perante o Pai, cumprindo todos os requisitos da Lei, estando com a natureza humana degradada por quatro mil anos, o governo de Deus é absolvido, inocentado das acusações de Satanás. Seres celestiais e a humanidade, não terão dúvidas e reconhecerão que Deus é justo e bom e que todos os Seus caminhos são beneficentes.  Consegue perceber que o Plano da Redenção faz muito mais sentido para mostrar quem é Deus do que unicamente para salvar a humanidade?
Conquanto os seres celestiais possuíssem natureza mais elevada que a dos seres humanos, e embora essa natureza fosse imaculada, eles nunca foram e nunca serão absolutos na esfera em que foram criados. Somente Deus é absoluto. Somente ele tem o pleno conhecimento de si mesmo e de todas as coisas. Logo, embora soubessem que Ele é amor, que a Graça é o Seu amor em ação, eles não tinham plena compreensão sobre isso. Tanto que uma terça parte dos anjos se rebelaram contra Deus e a outra parte que se manteve do lado de Deus teve dúvidas, sem contar o fracasso de Adão e Eva, queda que aconteceu porque deram ouvidos as dúvidas que Satanás queria introduzir em seu coração. Logo, o Plano da Redenção, não somente foi colocado em prática para salvar o homem, mas para revelar à toda sociedade Universal o amor de Deus. A graça não surgiu com o Plano da Redenção, mas o mesmo é uma manifestação inaudita da graça.
Quando perdemos de vista o nosso foco - Deus. Quando nos concentramos em nós mesmos e em nossas prioridades, revestindo-nos de um falso manto de santidade, perdemos de vista o real sentido de sermos discípulos de Cristo. Centralizamos-nos no grande conflito e agimos como se Deus tivesse que estar sempre à nossa disposição para servir-nos. Agimos como se Deus fosse aquela pessoa camarada que passa por alto os nossos defeitos porque nos ama e quer nos salvar. Devemos ter a consciência que foi a rebelião de Satanás que o excluiu das cortes celestes para nunca mais voltar. Precisamos entender que, conquanto Deus seja misericordioso, não querendo que ninguém se perca, senão que todos cheguem ao arrependimento, a salvação de todo pecador depende do seu interesse genuíno em reformar a sua vida para ser qual Cristo, O Mestre a quem juga seguir. Nossa profissão de fé deve revelar O Seu Originador. É quando nós nos lançamos aos pés de Deus em nosso total desamparo e dependência, é quando debilitados, suplicando que Ele exerça em nós tanto o Seu querer como o efetuar conforme a Sua santa vontade que Ele opera em nós o desejo de contribuir para a salvação do caráter divino. O mundo cristão perdeu de vista o puro sentido da graça. Outro extremo o qual Satanás inculcou na mente humana é a ideia de um Deus tirano e arbitrário, que fica a espreita desconfiado, esperando a manifestação dos nossos erros para nos punir. Tal concepção chega a influenciar o pensamento de que Deus é sádico. Quando aceitamos o chamado para sermos Seus missionários, o propósito da missão está acima da nossa própria salvação. Revelar em nossa vida o poder transformador da graça que opera mediante a fé e é vista por todos como o amor de Deus em ação por Suas criaturas sem que um único ponto e vírgula da Sua Santa Lei sejam revogados, torna-se o alvo supremo da nossa jornada cristã.
Diante do conceito que agora temos da graça e ao chegarmos à conclusão de que o Plano da Redenção é uma manifestação inaudita da graça, colocado em prática para revelar o caráter divino, podemos facilmente compreender a função da igreja na terra. Mas para que tal afirmação não seja interpretada como sendo uma ideia pessoal, citarei o que está escrito no livro Atos dos Apóstolos página 9: "Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência. Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz, compete manifestar Sua glória. A igreja é depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja será a seu tempo manifesta, mesmo "aos principados e potestades nos Céus" a final e ampla demonstração do amor de Deus".