Base desse artigo: Mateus 22: 02 – 13 – “A parábola das Bodas”
“Mas o Senhor está assentado perpetuamente; já preparou o Seu tribunal para julgar” Salmo 9:07.
Durante a minha jornada cristã, uma das lições maravilhosas que aprendi é a que Deus se fez homem e habitou entre nós, não apenas para redimir o homem, mas principalmente para revelar a todo universo o Seu caráter o qual tem sido injustamente acusado, desde que houve rebelião entre uma terça parte dos anjos do Céu contra o criador. Em todas as lições contadas nos sermões e nas reuniões particulares de Jesus revela-se esse contexto. Todas as Suas parábolas mostram sim o serviço abnegado e altruísta de Deus em favor do Homem, mas sempre direcionando a atenção dos Seus ouvintes e leitores para o caráter Justo de Jeová.
Sempre gostei muito de estudar simbologia teológica. As histórias de Cristo estavam longe de ser apenas uma distração para o povo que O seguia, estavam repletas de simbolismos que prefiguravam verdades espirituais profundas e que apontavam para o amorável Deus justo e misericordioso, como, por exemplo, a parábola do rei que realizaria as bodas de seu filho, e dera a ordem aos seus servos a que convidassem os súditos de seu reino. Após terem, os convidados, recusado ao convite tão honrado para participar das bodas do filho juntamente com o rei, o monarca, indignado com a recusa dos seus súditos, mandou novamente os seus servos convidarem todas aquelas pessoas consideradas a escória da sociedade: os coxos, os mancos, os leprosos, os miseráveis... Todos foram convidados para a grande festa. A ordem do rei é que convidassem cada vez mais pessoas, para que não fosse encontrado nenhum lugar vazio, daqueles que recusaram estar presente nas bodas.
Todo simbolismo dessa história contada por Jesus, envolvia a recusa do Seu próprio povo em reconhecê-Lo como O Messias prometido. Ele é o Filho do Rei desprezado. Os servos são os mensageiros do evangelho; os primeiros convidados que recusaram o convite representavam o povo Judeu e todos aqueles que tendo conhecido a Jesus O rejeitaram. Os convidados, que eram considerados miseráveis pela sociedade, representavam todos aqueles que, fora das delimitações de Israel e em todos os tempos por vir, aceitariam a verdade em Cristo Jesus, O Unigênito de Deus.
Deus sempre tem ensinado seus filhos por meio de representações secundárias a fim de que os mesmos pudessem ter uma melhor concepção das Suas lições espirituais. Ele se utilizava da natureza, do cotidiano das pessoas, da sua cultura, e da experiência de vida de cada uma delas. Contextos que podiam ser facilmente entendidos por essas pessoas e, dessa forma, com facilidade poder direcioná-las as virtuosas lições que procediam Da Mente Divina.
Não foi diferente comigo. Por ter essa concepção de que Jesus havia tomado sobre si a humanidade com o objetivo de revelar o caráter de Deus, e por tanto tempo ter me dedicado ao estudo dessa verdade, o Espírito do Senhor me conduziu a ponto de passar por uma experiência singular na obtenção mais ampla desse conhecimento. É algo que desejo compartilhar nas linhas de artigo.
O que mais se ouve dizer nas igrejas é que Jesus se tornou humano para salvar a humanidade. Isso é verdade; porém, é muito superficial pensarmos que foi somente esse o motivo, como se o ser humano fosse o centro do Universo. Durante toda a minha experiência nos estudos que tenho feito, Deus me ensinou que o principal motivo dEle ter vindo a terra na pessoa de Jesus Cristo foi revelar ao universo inteiro o seu caráter. Em um livro que li recentemente, chamando O Desejado de Todas as Nações, retirei a seguinte frase: “Através do plano da redenção, cujo centro é o sacrifício de Jesus, o governo de Deus fica justificado”.
Durante a noite, enquanto tentava dormir, minha mente meditava nesse texto. Foi então que Deus me explicou por meio de uma alegoria a qual chamo de Parábola do Tribunal. Deus me mostrou, após ter realizado pesquisas nos livros O Grande Conflito e O Desejado de Todas as nações que Ele tem, literalmente, um tribunal. Todos os componentes existentes no tribunal comum dos homens existem também no tribunal de Deus. Cheguei até a questionar – pode o homem ter se baseado na Bíblia para montar todas as funções de um tribunal?
Após a leitura dos seguintes componentes e funções de um tribunal humano, representando as funções dos componentes do tribunal divino, você poderá fazer a mesma pergunta que eu.
Componentes do Tribunal Divino
JUIZ
É o componente que representa a autoridade suprema em um tribunal. Com o poder para exercer a atividade jurisdicional, julgando os conflitos de interesse que são submetidas à sua apreciação.
Na teologia, Aquele que é revestido de autoridade para julgar e executar a sentença de seu juízo é o próprio Jesus Cristo.
“A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e lhe concedeu que se manifestasse... Este nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos”. Atos 10. 40 e 42.
RÉU E A LEI
Conquanto seja um acusado suspeito de um delito não é o réu, necessariamente, o CULPADO. Todo processo que se segue, tem o objetivo de provar a sua inocência ou a sua culpa. Para essa finalidade, o tribunal conta com a presença de um Advogado de Defesa e um Promotor da justiça que realizarão funções antagônicas. Apenas uma dessas forças prevalece e, dessa forma, determina se o réu é inocente ou não.
No tribunal divino, quem ocupa a posição de Promotor é Seu adversário, o anjo caído. Nesse caso, não é um agente em defesa da justiça, pois a Lei de Deus, base fundamental e indispensável desse tribunal, é o alvo das acusações de Satanás. Sendo assim é ele o promotor da Injustiça – diferente de como é no tribunal humano, pois o promotor age em prol da justiça.
Quando Deus foi acusado pelo Seu inimigo, nas cortes celestes, A Suprema Autoridade do Céu, verificou a necessidade de estabelecer um tribunal, onde Ele próprio se assentaria no banco dos RÉUS. Permitiria sim, que Satanás fizesse o seu papel de acusador; mas não sem motivo. O objetivo do Senhor é fazer com que todos saibam quais são as verdadeiras intenções do inimigo. O Processo que se seguiria receberia o nome de O Grande Conflito entre Cristo e Satanás. Através desse grande conflito percebe-se que Cristo é o centro do universo, pois foi para dar uma satisfação a toda sociedade universal que, Deus acentou-se no banco dos réus. Mesmo os anjos do Céu ficaram confusos com as acusações de Lúcifer. Poderia esse anjo ter razão? Afinal não era ele o anjo mais próximo de Jeová, partilhando da luz que vinha de Seu trono? – Essas perguntas precisavam de uma resposta, e Deus não faltou com elas.
Toda pessoa que comparece a um tribunal na posição de réu, responde por um crime que justa ou injustamente afeta a sua integridade moral. Por meio da Bíblia, nós adventistas do sétimo dia, Aprendemos que, a LEI de Deus – os 10 mandamentos - é a expressão do Seu caráter. Logo, quando Satanás acusou a Lei de restringir a liberdade dos anjos, ele atentou contra a integridade moral do Criador, e Deus daria a ele a oportunidade de apresentar perante o tribunal divino o fundamento das suas acusações. Com esse objetivo, Deus revelaria Seu caráter Justo e Misericordioso em contraste com o mal intencionado anjo. Revelaria a perfeição do Seu sistema de governo em contraste com o governo decadente proposto por Satanás. Ao longo de quase seis mil anos, toda a hoste universal tem visto por meio dos acontecimentos terrestres, qual é o governo proposto por Satanás e que, das abominações que tem acusado a Deus, ele mesmo é o culpado.
Jeová não somente permitiria o decorrer do Conflito apenas para descobrir perante os súditos do Seu reino o caráter de Seu inimigo; mas, colocaria em prática o Plano que, salvaria a humanidade caída e colocaria Seu caráter em contraste com o de Satanás, destruindo qualquer dúvida sobre seu sistema de governo.
ADVOGADO
Através do contexto explicado no tópico O RÉU E A LEI, entendemos que o promotor é Satanás, o qual a Bíblia chama de “O Grande Acusador” e que Cristo é o réu. Precisamos agora, identificar o Advogado. Deixo que a bíblia mesma responda:
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. 1 Jo 2:1.
Muitas pessoas para quem eu pergunto quem é o advogado no tribunal divino, respondem que são os Seus servos. A teologia não confirma tal resposta. Somente alguém que tinha o absoluto entendimento da santidade da Lei transgredida pelo homem, poderia ser em benefício da humanidade, o advogado, principalmente da causa divina; ou seja, Cristo. Somente alguém tão sagrado quanto à própria Lei poderia reivindica-la – Jesus.
Conquanto o verso citado acima revele o Advogado a serviço do pecador arrependido, em nenhum momento ele (o pecador) se torna o réu. Pois quando Satanás acusa os servos de Deus perante o tribunal divino, o objetivo é afrontar o Senhor, é levantar acusações contra o sistema de governo de Jeová através da alegação de que é impossível obedecer a Lei de Deus. Uma das acusações de Satanás é que, ao induzir o homem a pecar, ele jamais conseguiria pelas suas próprias força viver em obediência a Deus. No que diz respeito à débil força do homem, de fato seria isso impossível; porém, Cristo se revestiu da humanidade, para sofrer tudo o que o ser humano sofre, com o objetivo de vencer se utilizando do mesmo recurso o qual o homem pode lançar mãos - A comunhão com Deus. É esse ato de Jesus que faz do pecador, por meio da fé, obediente aos Seus estatutos; ou seja, por meio da redenção. Cristo venceu o pecado, não porque era Deus, mas porque revestido da humanidade, se utilizaria do único recurso disponível ao ser humano, o amparo do Pai Jeová. Ao vencer Satanás, Cristo, o advogado do reino celestial, apresenta perante o tribunal de Deus a única prova aceita para reivindicar o Governo Divino – O Seu Sacrifício. Fora esse ato que culminou na perfeita frase escrita no Livro O Desejado de Todas as Nações e que resultou nas linhas desse artigo – “Através do Plano da Redenção, cujo centro é o Sacrifício de Cristo Jesus, o governo de Deus é Justificado”. – Nesse texto, a palavra Justificação, não ganha o mesmo sentido teológico aplicado ao pecador que é Perdão. O sentido dessa palavra, no contexto em que Cristo é o advogado da causa divina, significa absolvição. Ou seja, o réu Jesus Cristo, é absolvido através da comprovação da sua inocência, por meio do plano da redenção.
TESTEMUNHAS
Quando uma pessoa é convocada para depor em um tribunal como testemunha em favor de uma causa, o seu testemunho pode tanto beneficiar como condenar, a vida do réu. No tribunal divino, não é diferente. Suas testemunhas são os que têm levado o nome de Cristãos.
Voltando nossa atenção para a parábola de Jesus Cristo contada na introdução desse artigo, quando os convidados estavam na festa do filho do rei, foi lhes dado uma roupa branca e, em meio a esses convidados, foi encontrado uma pessoa que não possuía a vestimenta. Como a maior parte dessa história é composta por simbologia, a roupa branca dada aos convidados simboliza a justiça de Deus a qual deve ser a veste de todo o quê se diz cristão. Não nos esquecendo de que a justiça de Deus é o alvo principal do tribunal divino, a conduta moral daqueles que se denominam cristãos deve refletir a sua profissão de fé; devem revelar por meio dos seus atos o caráter dAquele a quem escolheram seguir. A todo aquele que diz ser seguidor de Cristo, mas não revelam as vestes de justiça que Ele requer de todo cristão, não será aceito no reino de Deus, como foi o caso daquele convidado das bodas do filho do rei, que se encontrava sem as vestes núpciais.
As vestes representam a justiça de Deus. E todos os que aceitam o chamado para servi-Lo deve se revestir da mesma, para que Seu testemunho seja favorável ao réu inocente que é Jesus Cristo. Fossem as pessoas, declaradas Cristãs, estudiosas quanto aos assuntos da Bíblia, e não pereceriam por falta de conhecimento. Por falta de discernimento muitos tem trazido desonra a Deus em sua pretensa vida religiosa. Muitos pensam que nesse contexto do Grande Conflito, elas estão no banco dos réus, e todo processo que se segue é para beneficiá-las. Como se Deus estivesse exclusivamente ao seu serviço. Despreocupam-se com as atividades que devem exercer nesse tribunal. Tivessem elas o conhecimento de que Deus está assentado no banco dos réus, ficariam temerosas com o testemunho que tem dado dEle aos que são verdadeiramente ignorantes dessas verdades. Pela falta na sua conduta, muitos tem representado mal o caráter de Deus, contribuindo com as acusações satânicas. Por isso muitos fecham os ouvidos para a mensagem e se recusam abrir as portas de suas casas para os verdadeiros portadores da mensagem. Por causa do mau testemunho que outros têm dado, muitos sinceros aderem aos argumentos de Satanás, de que Deus é tirano, opressor e arbitrário.