Antes de me tornar Adventista do Sétimo Dia, sempre duvidei do conteúdo da Escritura Sagrada por ter sido ela escrita por homens tão falhos quanto qualquer outro; porém, depois de me aplicar ao conhecimento, principalmente das profecias, cheguei a conclusão que, jamais o seu conteúdo poderia partir das imaginações da mente humana. Não existe nenhuma contradição em todas as informações contidas nela. O que existe, sempre, são interpretações equivocadas.
Eu defendo a idéia de que para acreditar na Bíblia é preciso fé independente das provas; até porque, principalmente em nossos dias, existem muitas evidências que comprovam as escrituras sagradas e, no entanto, muitos não acreditam. As profecias, por exemplo, tem a sua comprovação em fatos que ocorreram na história e que foram previstos muitos anos antes de acontecerem. A própria história possui as digitais de Deus, basta pesquisar os eventos que tomaram lugar no tempo, e compará-las com o que foi revelado. Com o objetivo de dispor o conhecimento desse assunto, abordarei nesse artigo, uma profecia dada, por parte de Deus a Daniel, através de um sonho curioso do Rei Nabucodonosor.
Há muitos anos, quando o povo de Israel havia se apostatado dos caminhos de Jeová, o profeta Jeremias recebera de Deus a revelação de que os judeus seriam levados cativos, como escravos, pelo reino Babilônico. No tempo do cumprimento da profecia, Daniel havia sido levado juntamente com o povo de Israel. Quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, estava no segundo ano do seu reinado, teve um sonho que o deixou de cabelo em pé. De acordo com o que está escrito no livro de Daniel 2: 1-13, uma grande comoção tivera o seu lugar com o decreto de morte de todos os sábios do reino Babilônico, pois o rei havia esquecido o sonho e exigia que os mesmos dissessem com o que ele havia sonhado e dessem a sua interpretação. Dizia o rei: ”Tive um sonho e para sabê-lo está perturbado o meu espírito... Esta minha palavra é irrevogável se não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo; mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, recompensas e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação”. Daniel 2: 3, 5 e 6. O pedido do rei caiu como uma bomba aos ouvidos dos súditos, afinal quem poderia adivinhar qual o sonho que o rei tivera e dar a interpretação do mesmo?
Tudo conta com a providência divina. Conquanto o povo de Israel estava na Babilônia vivendo como escravos por causa da sua apostasia, Deus não os havia abandonado. Esse era o meio pelo qual Deus abençoaria o Seu povo, concederia uma grande oportunidade a Daniel e através do Sonho, que o próprio Deus tinha dado a Nabucodonosor, revelaria os acontecimentos históricos que discorreriam pelos séculos até os dias de hoje.
Quando o decreto de morte saiu, entre os sábios do reino encontrava-se o próprio Daniel; ou seja, Daniel também deveria morrer. No ato da execução dos sábios, Daniel se coloca a disposição do rei para revelar o sonho e a sua interpretação. Veja Daniel 2:14 – “Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia; ... Porque é o decreto do rei tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel. Ao que se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o prazo, para que desse ao rei a interpretação”. Daniel 2:13-16.
A revelação do Sonho e a sua interpretação
Nas profecias da Bíblia, 90% do seu conteúdo não se entende de maneira literal, mas sim através de simbologias. O próprio Jesus Cristo aplicou Seus ensinos por meio de parábolas; pois, era a Sua didática que o povo pudesse compreender tais ensinos através de elementos que faziam parte do seu contexto de vida. O livro de Daniel, além de histórico é também profético, com uma grande quantidade do seu conteúdo sendo simbólico e não literal. Após orar, juntamente com os seus três amigos, Daniel recebeu da parte de Deus a revelação do sonho que o rei tivera (Daniel 2:17-19). O sonho era na realidade uma alegoria através da qual Jeová revelaria os eventos futuros desde o império Babilônico até a volta de Cristo Jesus.
Ø A Descrição da Estátua:
No discorrer dos versículos 31 ao 35 de Daniel 2, o profeta descreve uma enorme estátua e de aparência terrível:
“Tu ó rei, na visão olhaste e eis uma grande estátua. Esta estátua, imensa e de excelente esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça era de ouro fino; o peito e os braços de prata; o ventre e as coxas de bronze; as pernas de ferro; e os pés em parte de ferro e em parte de barro”. Daniel 2:31-35.
Ao lermos tal relato sem a devida atenção e sem um estudo aprofundado, vamos pensar que o sonho do rei Nabucodonosor não tem grande valor, afinal de contas é apenas uma enorme estátua e de aparência terrível. Para o rei que estava ouvindo a descrição de Daniel quanto o sonho que ele mesmo tivera, houve com certeza grande perplexidade por parte do Monarca; tanto que o próprio rei reconheceu na vida de Daniel a presença de um Ser absoluto e onisciente. Que é capaz de perscrutar a mente humana; porém, nos dias de hoje, se nós contássemos apenas com a descrição da estátua, não haveria informações suficiente para montarmos um quebra cabeças e chagarmos a conclusão da existência de eventos ocorridos ao longo da história desse mundo. A interpretação dada por Deus a Daniel, é que nos garante a sua veracidade, pois a simbologia apresentada por meio dessa estátua, descreve acontecimentos que já tiveram o seu lugar na história universal, desde o império Babilônico até os dias atuais. Esses acontecimentos, os quais ocorreram com pontualidade, nos dão a certeza de que os eventos futuros, declarados pelas profecias de Daniel e Apocalipse, terão seu cumprimento também.
Ø A interpretação do Sonho
“Este é o sonho; agora diremos ao rei a sua interpretação. Tu ó rei, és rei de reis, a quem o Deus do Céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória;... tu és a cabeça de ouro”. Daniel 2:38. Em todas as histórias sucessivas, não houve reino tão forte, glorioso e esplendoroso como o reino Babilônico, daí então ele ser representado pelo ouro. O fato desse reino ser a cabeça é porque a interpretação deveria corresponder à ordem cronológica com que os reinos teriam o seu espaço na história universal. Sendo a Babilônia o primeiro reino da profecia, a mesma, tanto por causa do seu poder quanto pela ordem cronológica deveria ser a cabeça. Seguindo essa ordem, os próximos reinos seriam representados pelo Peito de Prata, Quadril e Coxas de Bronze e as Pernas de Ferro... cada uma dessas divisões correspondendo a um reino específico.
“Depois disso se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra”. Daniel 2:38. O segundo reino, Média-Persia, era de fato, como está escrito no versículo, o reino inferior à Babilônia e era representado pelo peito de prata da estátua. Exatamente, como a prata é inferior ao ouro, o reino que sucederia a Babilônia deveria ser de natureza inferior. Os Medos-Persas correspondem a essa característica da profecia. O terceiro reino que viria sucessivamente aos Medos-Persas é a Grécia, simbolizada pelo quadril e coxas de bronze da estátua. E Seguindo a ordem dos fatos, o quarto reino, sucessivo à Grécia, é Roma o qual é simbolizado pelas pernas de ferro da estátua. O ferro foi dado como a característica de Roma, porque assim como o ferro a tudo esmiúça, assim também seria com esse reino, o qual com grande poder esmiuçou a muitos que encontrava pela sua frente a fim de expandir o seu reino: “E haverá um quarto reino, forte como o ferro, porquanto esmiúça e quebra tudo; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele quebrantará e esmiuçará". Daniel 2: 40.
Outra simbologia presente nesse sonho do rei Nabucodonosor é os pés da estátua serem em parte de ferro e em parte de barro. Essa ilustração representa o enfraquecimento do poder romano, o qual seria marcado pela sua divisão em 10 reinos que hoje constituem os países da Europa. Esses eram os Ostrogodos, Visigodos, Francos, Vândalos, Suevos, Alamanos, Anglo-Saxões, Hérulos, Lombardos e Burgundios. A mistura do barro com o ferro simboliza o enfraquecimento do poder romano e os dedos da estátua representam as suas dez divisões.
Desde o início desse artigo foi dito que os eventos ocorridos ao longo da história comprovam a veracidade das profecias, especificamente em relação à profecia dada através do sonho do rei Nabucodonosor, e ao mesmo tempo nos garantem os acontecimentos futuros. Mas quais são esses acontecimentos futuros?
Um dos fatos ocorridos no sonho do rei é uma pedra sendo cortada sem auxílio de mãos e lançada aos pés da estátua esmiuçando-a por inteira (Daniel 2:34 e 35). Esse evento Daniel atribuiu à volta de Jesus Cristo e o estabelecimento do Seu reino eterno. Como a estátua por inteira, com as suas divisões representam os reinos desse mundo, a sua destruição por meio da pedra lançada aos seus pés, mostra que os reinos anteriores ao de Jesus Cristo são temporais. Têm os seus dias contados; porém, o reino de Cristo prevalece sobre todos.
“Mas nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará todos esses reinos, e subsistirá para sempre. Porquanto viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o grande Deus faz saber ao rei o que há de suceder no futuro. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação”. Daniel 2:44 e 45.
Não existe forma de contestar. Cada descrição e cada ponto e virgula da interpretação desse sonho se comprova por meio dos eventos ocorridos na história. Isso não me aterroriza diante de tantas coisas ruins que estão acontecendo e que vão acontecer. Enquanto muitos têm esperança que o mundo melhore, o que as profecias nos revela é que, até a volta de Cristo toda forma de males vai aumentar com assustadora freqüência; porém, a minha esperança está em Cristo. Pois a Sua promessa revela o amor que Ele tem pela humanidade. Sua palavra de advertência a um mundo rebelde é uma carta de amor convidando o pecador ao arrependimento, e colocando a disposição do pecador arrependido a oportunidade de se preparar para um mundo melhor. Não é esse mundo melhor preparado por mãos humanas como muitos esperam, mas sim pelas mãos divinas.
“Não se turbe o vosso coração; crede em Deus crede também em mim. Na casa de meu Pai tem muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou prepara-los lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. João 14: 1 – 3.